Os pacientes pediátricos com diagnóstico de apendicite têm menos probabilidade de fazer uma TC em Hospitais Pediátricos do que em Hospitais Gerais, de acordo com o estudo da revista Surgery.
“Tem de haver uma participação activa dos prescritores, de modo a conseguir reduzir-se a dose de radiação em crianças” diz o Dr. Kuo Jen Tsao da Universidade do Texas e do Children’s Memorial Hermann Hospital.
“De modo a reduzir a utilização da TC, necessitamos de encontrar soluções razoáveis para ajudar a fazer o diagnóstico, tal como aumentar a utilização da Ultrasonografia em Hospitais Gerais (não pediátricos),” referiu a mesma fonte.
Mais de metade das crianças com suspeita da apendicite passam por algum tipo de exame imagiológico, refere o Dr. Tsao et al. na revista Surgery, de Dezembro. Mas a escolha é altamente variável e dependente da decisão do clínico, bem como da disponibilidade local em termos de exames.
A equipa investigou o uso de exames de imagem pré-operatórios, essencialmente a TC, associados com apendicite pediátrica num estudo retrospectivo com 1448 pacientes, 215 dos quais que deram entrada em Hospitais Pediátricos e 1233 que deram entrada em Hospitais gerais.
A TC foi usada, como única modalidade imagiológica, muito mais frequentemente em Hospitais Gerais do que em Hospitais pediátricos (70% vs. 23%, p<0.01).
Por outro lado, a Ultrasonografia, como única modalidade diagnóstica, foi muito mais utilizada em Hospitais Pediátricos do que em Hospitais Gerais (75% vs. 20%, p<0.01).
“Pacientes pediátricos têm 7,6 vezes mais probabilidade de fazer uma TC, se forem avaliados inicialmente em Hospitais Gerais” como frisam os investigadores. “Pelo contrário, crianças que se apresentem em Hospitais pediátricos têm 11,7 vezes mais probabilidade de fazer uma Ultrassonografia.”
Em Hospitais Gerais o uso da Ultrassonografia foi muito variável, havendo hospitais em que esta foi usada em 4% dos casos e outros em 44%, no caso da TAC esta variou entre os 64% e os 88% dos casos.
“Futuras investigações irão identificar as barreiras e facilitadores com vista a diminuir o uso da TC nos Sistema Nacional de Saúde bem como a respectiva avaliação custo/benefício no sistema de referenciação, com vista a desenvolver uma guideline que seja utilizada em todos os Hospitais Gerais e instituições similares” refere o Dr Tsao.
“O primeiro passo para reduzir o uso da TC, neste contexto é perceber ou ter uma noção da amplitude do problema. Para um clínico prescritor, provavelmente não existe muita noção da escala em que é usada a TC em crianças e isso tem de mudar”. conclui o autor
Fonte: Reuters health
Agora a nossa opinião:
Ora aqui está um bom estudo que se poderia aplicar em Portugal e ser efectivamente aplicado.
Como será em Portugal?? Também se estará a “TACar” estas crianças de alto abaixo, sem ter a noção do risco que estas estão a correr face às alternativas imagiológicas existentes? haverá diferenças de conduta entre hospitais gerais e hospitais pediátricos?
E os colegas que executam estes exames? Estão a ter um papel activo ou passivo perante estas situações? Será mais fácil fechar os olhos?
Partilhamos um excelente artigo da WHO “Comunicação dos Riscos em Imagiologia Pediátrica”, que pode ajudar os colegas a ter elementos para decidir e comunicar, neste tipo de situações, tendo um papel mais consciente, activo e seguro. Este artigo é de acesso livre e gratuito, pelo que aconselhamos a leitura.
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