Esta é a principal conclusão de um estudo de investigação que teve como foco avaliar o impacto da pandemia COVID-19 na incidência de burnout nos Técnicos de Radiologia que se encontram a exercer funções em Portugal, determinando ainda que 23% se encontram em risco elevado.
O estudo foi desenvolvido por quatro investigadores com ligação à Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico do Porto, Cristiana Silva, Davide Freitas, José Manuel Pereira e Ana Salgado, com a colaboração das associações profissionais NUCLIRAD, ATARP e APIMR. A recolha de dados ocorreu entre 16 e 26 de abril de 2020 e participaram no estudo cerca de 400 técnicos de radiologia a trabalhar em Portugal.
Esta classe profissional é uma das que se encontra na primeira linha no atendimento dos doentes COVID-19, uma vez que habitualmente apresentam sintomatologia respiratória que necessita ser caraterizada através de radiografia ou tomografia computorizada torácica. Participam, ainda, em procedimentos de intervenção urgentes, que na maioria das vezes não podem esperar pelo resultado do teste ao vírus. Apresentam assim uma grande exposição ao SARS-Cov-2.
O burnout é uma síndrome ocupacional composta por três dimensões, caracterizando-se por um elevado estado de exaustão emocional e despersonalização, que contrapõe com uma baixa realização pessoal. Induz ao desenvolvimento de stress psicológico, depressão, ansiedade, medo, frustração e insónia nos profissionais atingidos. Pode ter um forte impacto nas Instituições contribuindo para o aumento do absentismo e conflituosidade e para uma diminuição significativa da produtividade e da qualidade dos cuidados de saúde prestados.
Neste estudo foram avaliadas as três dimensões, revelando que 44% apresentavam elevada exaustão emocional, 45% elevada despersonalização e 60% um nível de baixa realização pessoal-
Cerca de 23% dos inquiridos revelam um elevado risco de desenvolvimento de burnout nas três dimensões avaliadas, e 80% em pelo menos uma delas.
Os resultados apurados devem alertar as autoridades de saúde para a necessidade de monitorização dos aspetos relacionados com a saúde mental dos técnicos de radiologia e o desenvolvimento de intervenções ocupacionais que reduzam e/ou previnam a incidência de burnout nestes e em todos os profissionais de saúde, promovendo o seu bem-estar físico e psicológico, potenciando deste modo a qualidade do serviço prestado.