Um estudo desenvolvido por investigadoras do Departamento de Psicologia e Desporto do Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes recentemente publicado na revista International Journal of Environmental Research and Public Health, revela níveis preocupantes de saúde mental entre os diferentes profissionais de saúde, sobretudo entre os Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica.
Neste estudo, liderado pelas investigadoras Alexandra Jesus, Prof. Dra. Liliana Pitacho e Prof. Dra. Ana Moreira, denominado “Burnout e Comportamentos Suicidas em Profissionais de Saúde em Portugal: O Efeito Moderador da Autoestima”, verificou-se também que os participantes do sexo feminino apresentaram níveis significativamente mais altos de exaustão e níveis mais baixos de autoestima do que os participantes do sexo masculino.
Verificou-se também que a antiguidade no posto de trabalho tem um efeito significativo nos níveis de exaustão, desvinculação com o serviço e autoestima. Os participantes com níveis mais elevados de burnout são aqueles com até 10 anos de antiguidade na organização, em oposição àqueles com mais de 17 anos de antiguidade, que apresentam níveis mais baixos de burnout.
O estado civil também revelou ter um efeito significativo na exaustão, autoestima e comportamentos/ideação suicida. Os participantes viúvos são aqueles com os níveis mais elevados de exaustão, mas também de autoestima. Os participantes divorciados revelaram ter os níveis mais baixos de exaustão, mas, por outro lado, têm os níveis mais elevados de comportamentos suicidas.
No caso particular dos serviços de Radiologia, revelam ser o 3º com maior nível de exaustão em 33 serviços e 7º em termos de desconexão/desinteresse laboral. Já no que se refere aos níveis de auto-estima estão muito abaixo, em 22º. No que se refere a comportamentos/ideação suicida surge como o 10º entre os 33 serviços considerados.
Destaque para os Serviços de Farmácia que foram os que indicaram maiores níveis de Exaustão, Desinteresse/Desmotivação laboral e Ideação Suicida (este último juntamente com os serviços de Oncologia).
Tabela pormenorizada pode ser consultada AQUI
Para estudar a relação estatística entre as variáveis foi utilizado o coeficiente de Pearson que revelou que os comportamentos de ideação suicida estão positiva e significativamente associados à exaustão e ao desinteresse/desconexão com o local de trabalho. Quanto maiores os níveis de exaustão e desinteresse, maior a frequência de comportamentos suicidas. A associação entre comportamentos suicidas e autoestima é oposta, o que indica que quanto maior a autoestima dos participantes, menor a frequência de comportamentos suicidas
Uma última palavra para os mais jovens.
Este estudo revelou que os participantes mais jovens foram os que revelaram maiores níveis de exaustão e desinteresse/desvinculação com o trabalho. Os participantes com idade inferior a 30 anos demonstraram ter menor autoestima e níveis mais elevados de stress quando comparados com participantes com mais de 30 anos. Todos estes dados deveriam fazer-nos reflectir acerca da saúde mental dos profissionais de saúde e permitir traçar estratégias para contrariar todas estas conclusões, em particular dos TSDT.
O que está a causar, em concreto a sua exaustão? A sua desvinculação ou desinteresse com o seu trabalho? Porque têm tão pouca auto-estima? Estará relacionado com o tipo de trabalho? Ou será provocado pela relação com outros profissionais? Tudo questões que nos importa refletir e ver respondidas.
A APIMR teve o gosto de colaborar com a divulgação do questionário que teve com base este estudo e agradece publicamente às autoras por terem partilhado o resultado após a sua publicação em Revista internacional.
O estudo na íntegra pode ser consultado AQUI
Se tem pensamentos suicidas procure ajuda:
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