No passado dia 20, a APIMR tomou conhecimento de um curso publicitado no Linkedin de Enfermagem de Radioterapia, constituida por vários profissionais a leccionar, mas destinados essencialmente a enfermeiros, como não podia deixar de ser, numa associação de enfermagem.
A APIMR colocou-se logo em campo, e de forma a esclarecer as dúvidas dos colegas enviou mail à referida associação a perguntar qual o propósito, os objectivos do curso e se este não colidia com os conteúdos funcionais de outros profissionais, nomeadamente dos Radioterapeutas.
Após alguma insistência obtivemos resposta que a nossa preocupação “não tinha razão de ser, nunca ninguém se tinha queixado das formações deles, que a equipa formativa de excelência de vários profissionais, incluindo uma colega de Radioterapia e que lamentavam a nossa falta de visão “multidisciplinar”.
A resposta da APIMR foi peremptória e transcrevemos na íntegra :
Olá bom dia a todos
Venho por este meio agradecer o e-mail e responder ponto por ponto.
– Enquadramento:
Queremos reiterar novamente que nada nos move contra iniciativas de formação contínua, nem temos nada de particular contra cada um dos profissionais que fazem farte dessa formação. Estamos certos que estarão nelas por boas razões.
Agora, as respostas ao nosso mail anterior ficaram todas por responder, a saber:
– Do propósito do curso;
– Dos objectivos do curso;
– Se alguns dos conteúdos colidem com os conteúdos funcionais dos Técnicos de Radioterapia de acordo com os Decretos Lei: 110 e 111/2017, 596/99 e 320/99
Todas estas questões ficaram por responder. Fizemos sobretudo estas questões pois, atualmente, não estamos a ver o racional na realidade profissional pública e privada diária.
Consultando o vosso programa de curso constam diversos conteúdos típicos e descritos nos conteúdos funcionais dos Radioterapeutas, que requerem bases sólidas de conceitos de física das radiações, lecionados no ensino superior nos cursos de IMRT. Apesar deste ser leccionado por uma Radioterapeuta, estamos certos que é para enfermeiros aprenderem, tal como referem no vosso e-mail. Resta-nos saber com que finalidade, daí as questões dos nossos associados, que, de resto fazem sentido.
– Multidisciplinaridade
A APIMR e os profissionais que representa tem muito apreço pela multidisciplinaridade. Mas a multidisciplinaridade pressupõem que várias profissões, cada uma com a sua função específica e bem definida, contribuam para um objetivo comum, que é o bem do utente ou a prestação de melhores cuidados de saúde. Ora neste caso, a única multidisciplinaridade que existe é mesmo a dos formadores. Os destinatários são apenas e só enfermeiros, como seria de esperar numa Associação de Enfermagem Oncológica.
Esse conceito de multidisciplinaridade formativa e profissional sabemos onde começa, só não sabemos onde acaba. Temos exemplos como a enfermagem de Reabilitação e o afastamento de Técnicos Superiores de diagnóstico e Terapêutica das equipas de Saúde Escolar, para serem substituídos por enfermeiros multidisciplinares das UCC.
Certamente que compreendem as nossas dúvidas e a nossa posição, pois se acontecesse o contrário, também certamente colocariam (pelo menos) as vossas questões e dúvidas. E se as nossas associações fizessem um curso multidisciplinar de Enfermagem Oncológica com a presença de 1 enfermeiro? Como reagiriam? Os vossos argumentos mantinham-se?
– Futuro
Resta-me como representante associativo, reiterar que vamos continuar a lutar pela valorização e dignificação das nossas profissões. Também demonstramos disponibilidade para colaborar em projetos em que o objetivo seja a promoção da saúde dos doentes como temos feito com entidades nacionais e internacionais.
Melhores cumprimentos
Manuel Duarte Lobo
Presidente APIMR
Até ao momento não obtivemos qualquer resposta, mas verificamos que o curso já não se encontra disponível na sua página web e a publicação do linkedin igualmente desapareceu.
A APIMR, irá sempre, com os meios à sua disposição, lutar pela valorização e dignificação das nossas profissões.
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